Os Princípios esquecidos do Manifesto Ágil: Quais os efeitos disso no mercado de trabalho?
O Manifesto ágil é considerado a base da Agilidade. Teoricamente, para uma empresa, um time ou até mesmo uma pessoa se dizer ágil deverá respeitar e colocar em prática os 4 valores e os 12 princípios do Manifesto ágil.
O Manifesto ágil surgiu em 2001, com o objetivo de se compartilhar uma forma de trabalho que tenderia a gerar melhores resultados e que se adaptaria a uma nova realidade em um mundo mais volátil, complexo, adaptável e que precisaria de respostas rápidas. Conheça a história do Manifesto.
Já faz mais de 20 anos e parece que com a popularização da agilidade, respeitar seus valores e princípios tem se tornado cada vez mais desafiador!
Escrevemos um artigo falando sobre os Valores do Manifesto Ágil na Perspectiva da Eficiência e Eficácia, onde trazemos a consciência de entender e praticar esses valores.
Agora, vamos falar dos princípios do Manifesto ágil e, particularmente, de 2 princípios do Manifesto que estão na prática esquecidos.
Além de como a ausência deles no dia a dia das empresas tem deturpado o conceito de agilidade e influenciado negativamente nos resultados do seu uso nas empresas.
Manifesto Ágil, o que é preciso relembrar?
O Manifesto ágil tem 12 princípios muito importantes, aos quais podemos dizer que se sua empresa os cumpre na maior parte do tempo, pode se intitular uma empresa que está realmente no caminho da agilidade.
Dá para ser ágil sem seguir os princípios? A resposta é não!
Os princípios é que determinam de fato o nível de agilidade que você e sua empresa possuem e se você não os prática, consequentemente não está sendo ágil.
Os 12 princípios da agilidade são:
Nesse artigo, vamos trazer o foco para 2 princípios que intitulamos no título como os princípios esquecidos do Manifesto ágil.
Motivação e Confiança
“Construa projetos ágeis em torno de indivíduos motivados. Dê a eles o ambiente e o suporte necessário e confie neles para fazer o trabalho!”
Nesse, que é o sexto princípio do Manifesto ágil, trazemos duas palavras muito importantes: motivação e confiança.
Para se praticar a verdadeira agilidade, uma organização precisa ter um ambiente que estimule e proporcione que as pessoas se motivem e confiem umas nas outras.
Muitas empresas têm esquecido de incentivar e proporcionar a melhoria contínua no nível de motivação das pessoas e isso tem criado ambientes instáveis, onde um mal ambiente acaba consumindo a energia das pessoas e as desestimulando a trabalhar.
Uma gestão com foco em criar práticas de entender, ouvir e tomar ações baseadas nos motivadores dos times ajuda a potencializar os resultados e tornar a agilidade de fato possível.
O que é agilidade na prática?
Agilidade é principalmente sobre entender e se preocupar com as pessoas. Não adianta adotar práticas e frameworks ágeis com indivíduos desmotivados e com baixa confiança.
Ambientes com pessoas desmotivadas não podem ser chamados de ágeis. Agilidade é um meio para se acelerar resultados das empresas que tem como foco principal o desenvolvimento e preocupação com as pessoas.
A agilidade age melhorando o ambiente para que tenhamos pessoas mais motivadas e melhores resultados.
A confiança é base para que tenhamos um ambiente ágil. Será que um ambiente com muitos controles, timesheets, reuniões de status e atas de reuniões expressam características de confiança? A resposta para nós é não!
Como reduzir controles e aumentar essa confiança?
Para uma organização ser ágil, ela precisa trabalhar buscando a melhoria contínua também no aumento da motivação e confiança das pessoas.
Comece o trabalho de gestão de mudança focado em criar um ambiente colaborativo, saudável, com motivação, transparência e confiança. Sabemos que isso pode ser a parte mais desafiadora, mas se começar a adoção na sua empresa com o apoio e patrocínio para melhorar a confiança e a motivação é como se criasse um alicerce para que a agilidade possa funcionar de fato na sua empresa.
Ser ágil não é entregar mais rápido, ser ágil não é nem é apenas fazer entregas frequentes de valor, se essas entregas não girarem em torno de indivíduos motivados e tiver confiança nas pessoas e no trabalho delas. Cabe a organização e a gestão criar um ambiente que possibilite colocar em prática o Sexto princípio da agilidade.
O ritmo sustentável
“Os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter um ritmo constante indefinidamente.”
O nono princípio do Manifesto ágil toca em fator crítico dos projetos e empresas que tem se intituladas ágeis – o ritmo sustentável!
Temos observado cada mais empresas trabalhando utilizando papéis da agilidade – Scrum Master, Product Owner, Sytem Delivery Manager, RTE, Product Manager, entre outros -, usando frameworks como Scrum, SAFe e método Kanban, e tendo até fluxos de entregas frequentes e contínuas.
Mas, que ao se observar mais de perto esses ambientes, apesar de os resultados de negócio estarem sendo atingidos, muitos desses cenários fazem isso a custo de excesso de trabalho e horas extras, pessoas trabalhando em um alto nível de estresse e sacrificando sua saúde física e mental.
O Nono princípio da agilidade de se manter um ritmo sustentável de trabalho é o que mais vemos sendo esquecido pelas organizações e isso trem trazido muitos problemas:
- Alta rotatividade de pessoas nas empresas, por não suportarem por muito tempo a forma de trabalho adotada.
- Excesso de horas extras, aumentando o custo do trabalho e dos resultados.
- Planejamentos e estimativas erradas por não avaliarem e computarem o trabalho em excesso.
- Desmotivação das pessoas por cansaço, excesso de trabalho e de cobranças.
- Muita energia gasta em coisas desnecessárias e mais energia gasta ainda em corrigir problemas criados pelo excesso de imediatismo de cumprir cronogramas.
A forma de medir o trabalho influência diretamente na forma como as pessoas se comportarão no ambiente de trabalho.
Assumir que horas extras são normais, que prazos tem prioridade sobre qualidade e resultado, e medir as pessoas pela eficiência das suas entregas e não pela eficácia delas tem criado a maioria dos problemas descritos acima e ferido o nono princípio da agilidade.
União dos princípios esquecidos: sucesso!
Manter um ritmo constante de trabalho tem a ver com escolher as métricas certas, em buscar entregar mais valor com menos esforço e em direcionar o trabalho para fazer a coisa certa ao invés de apenas seguir processos e cumprir cronogramas.
Qualidade e eficácia devem ser inegociáveis para que se tenha uma adoção ágil sustentável e com mais resultados.
Agilidade tem a ver com pessoas! Ambientes que sacrificam as pessoas não podem ser considerados ágeis.
O ritmo sustentável deve ser um acordo de trabalho pré-estabelecido e combinado e buscado constantemente dentro das organizações.
Existem ferramentas, processos, métricas e meios que ajudam a criar o ritmo sustentável de trabalho nos projetos e organizações. Começar trabalhos e projetos, negligenciando a importância de avaliar e criar esse ritmo sustentável pode criar um ambiente instável e de baixa previsibilidade.
Em casos que conseguimos gerar a consciência na organização da importância dos valores e princípios do Manifesto ágil, principalmente do sexto e do nono princípio, que tem sido bastantes esquecidos, conseguimos começar da forma correta, através de um plano de transformação estruturado onde se coloca as pessoas no centro dos resultados, e habilita o ambiente a podermos trabalhar com confiança, motivação, ritmo sustentável e colaboração.
A Iteris, ao iniciar em um cliente, procura reforçar, principalmente os 2 princípios esquecidos da agilidade, e trazer uma maior consciência sistêmica através de uma análise do contexto organizacional e a elaboração de um plano de ação e execução aderente ao contexto da organização, buscando começar com um ritmo sustentável de trabalho, motivação e confiança das pessoas.
Através de treinamentos, mentoria e um modelo eficaz de Team Building, buscamos criar um sistema de apoio à organização que ajudam a criar um ambiente favorável a entrega de resultados sustentáveis.
Entregar resultados sacrificando as pessoas não é ser ágil. Sua organização pode pagar sérias consequências a médio prazo por não focar em pessoas.
Pessoas que saem de uma empresa falando mal por problemas de saúde ocasionados por excesso de trabalho, falta de motivação e de confiança contribuem para que cada vez menos pessoas queiram trabalhar nessas empresas.
Quer acelerar seus resultados? Mudar realmente o sistema? Ter uma empresa onde as pessoas se sintam bem em trabalhar e o resultado dos seus trabalhos estejam em constante melhoria?
Valorize, adote e tente cumprir ao máximo os valores e princípios do Manifesto ágil!