Backlog DEEP – você sabe o que é isso?
Backlog DEEP é a técnica que irá te auxiliar na criação e, principalmente, na ordenação de seu backlog. Para entender melhor, leia o artigo.
Criar um backlog não é uma tarefa fácil. Ordená-lo é ainda mais difícil, já que existe a necessidade de se explorar profundamente o negócio com o objetivo de extrair o maior retorno possível do trabalho e atender às necessidade dos usuários chaves e da empresa.
Para ajudar nessa tarefa, conheceremos a técnica backlog DEEP e suas diversas vantagens de utilização em conjunto com outras técnicas de priorização para ordenar o backlog de maneira eficaz.
Mas antes de falarmos da técnica de backlog DEEP,
Você sabe o que é backlog?
O backlog nada mais é do que uma lista ordenada de requisitos que nasce da visão do produto/necessidade do cliente.
Nessa lista podem conter itens relacionados a diversas etapas do nosso processo, tais como: arquitetura, infraestrutura, pesquisa ou redução de riscos, etc.
Imagine a seguinte situação: você foi escolhido para ser o PO daquele projeto estratégico da sua empresa, onde será necessário retirar dependências de uma plataforma legada para melhorar a estrutura, escalabilidade e diminuir a perda de clientes da sua empresa.
Apesar desse cenário parecer claro, se olharmos os aspectos de negócios, decompô-lo em tarefas é uma atividade difícil e complexa, pois irá exigir muita pesquisa técnica, análise de viabilidade, implementação, entre outros. Além disso, será necessário um alinhamento constante de expectativas entre o PO e seus stakeholders.
E o que o backlog DEEP tem a ver com isso?
O termo “DEEP” é um acrônimo que define características que um bom backlog deve ter.
A partir de agora, explicaremos no detalhe cada uma dessas características:
Detalhado apropriadamente
Ou seja, claro o suficiente para execução, mas não detalhado demais a ponto de gerar desperdício.
Para alcançar esse equilíbrio, podemos usar a técnica do 20, 30, 50 onde:
- 20% das nossas histórias estão prontas para a sprint.
- 30% das nossas histórias são para as próximas 4 a 10 sprints.
- 50% das nossas histórias são para as próximas 10 ou mais sprints.
Para obter esse nível de detalhamento, o PO deve reservar cerca de 10% do tempo da sprint para reuniões de refinamento com o time.
Uma boa prática é não fazer essas reuniões no começo ou final da sprint, pois costumam ser momentos de foco para o time.
Estimado
Isto é, todos os itens têm uma estimativa pontual associada. Para isso, a história precisa estar descrita de forma clara, para que seja possível estimar e discutir sua complexidade.
Emergente
O backlog evolui para refletir o novo aprendizado, por isso, ele não pode ser imutável.
Pelo contrário, o backlog pode e deve ser sempre atualizado, priorizado e reordenado para refletir o propósito e a visão do objetivo do produto ou projeto.
Priorizado
Essa é a etapa mais importante para se obter valor. Por isso, evitaremos o conceito “tudo é prioridade”, pois como diz a máxima do dia a dia de projeto “quando tudo é prioridade, nada é prioridade”.
Voltando ao cenário citado anteriormente cujo projeto visa descartar um sistema legado, imagine que esse sistema faz emissão de notas fiscais e que ele esteja sofrendo degradação de performance na integração com o ERP devido ao alto volume de emissões.
Agora vamos aplicar as três primeiras características do DEEP para fatiar esse problema:
- Etapa de pesquisa: verificar a dependência do código legado e como podemos quebrar as histórias em pequenas partes para sua conclusão. Descrever de forma mais clara para discutir a sua complexidade e estimar os esforços.
- Atualização de histórias: é importante atualizar as histórias caso algo novo seja encontrado, descobertas podem aparecer no decorrer do desenvolvimento e saber como gerir essas tarefas é muito importante (nosso backlog tem que se manter atualizado e não pode ser imutável).
- Mapeamento de dependências: entender qual o nível de dependência das histórias e como iremos priorizar o seu desenvolvimento de acordo com elas e orientado ao valor.
Com as etapas já finalizadas, aplicaremos o último passo da técnica, o passo de priorização. Nessa etapa, você poderá utilizar diversas técnicas para te auxiliar:
Técnicas de Priorização
Para o quarto e último passo da técnica DEEP, existem diversas ferramentas que podem auxiliar na priorização dos itens de seu backlog. Confira abaixo algumas delas:
MoSCoW
É uma técnica de priorização usada na gestão de projetos e produtos com o intuito de alinhar as parte interessadas sobre a importância que elas atribuem a cada requisito.
O Termo “MoSCoW” é um acrônimo derivado da primeira letra de cada uma das quatro categorias, a vogal “O” é apenas utilizada para dar sonoridade, ficando desta forma:
Must Have (mandatório) – Não mais que 60% do backlog.
Should Have (Importante): Não mais que 20% do backlog
Could Have (desejável): Não mais que 20% do backlog
Won’t Have (não fazer)
Dependência
Priorização por dependências das histórias, seja ela por arquitetura, processo, cultura ou por projetos diretamente ligados ao seu produto ou serviço.
Riscos
Priorizar desenvolvimentos considerados mais arriscados para o projeto ou produto para testar hipóteses de performance, negócios, mercado ou fatores regulatórios.
Análise de Pareto
Conhecida também como regra 80/20, nesse modelo priorizaremos 20% das funcionalidades detalhadas para obter o mínimo viável para que o produto possa funcionar de forma aceitável e trazer valor.
Minimum Marketable Product (MMP)
É conhecido como a estratégia que visa mensurar o mínimo para que o produto seja comercializado no mercado. Seguindo está estratégia você pode utilizar outras técnicas em conjunto.
Minimum Viable Product (MVP)
Conceitualmente, uma forma inteligente de testar o sucesso de uma ideia antes de investir recursos financeiros ou o próprio tempo nela. Parte da premissa de estabelecer o valor mínimo para que você possa colocar seu produto para experimentação e validação de hipóteses do usuário.
Retorno de investimento (ROI)
Priorizar com base no retorno sobre o investimento, seja ele através de novas funcionalidades ou por mudanças na infraestrutura do seu produto ou serviço.
Essa técnica demanda uma sinergia e foco maior, seja por meio do método de Product Discovery, seja validando hipóteses e colocando um MVP para funcionar ou otimizando processos e definindo uma melhor escalabilidade e viabilidade para a empresa.
Enfim, não importa qual técnica você irá aplicar, se a sua posição atual te permite colocar esse conjunto de práticas em ação, comece-o com pequenas mudanças em seu dia a dia, busque feedbacks do seu time a respeito da escrita de histórias e priorização, veja se você está conseguindo extrair o real valor em suas sprints e lembre-se: sempre devemos instigar o processo de iteração para que possamos melhorar cada vez nossas entregas.